Embora parecesse precipitada, a fuga havia sido previamente combinada com a Inglaterra, cuja marinha de guerra se comprometera a escoltar a frota portuguesa na travessia do Atlântico. Na verdade, a transferência da corte de Lisboa para o Rio de Janeiro interessava particularmente aos ingleses, que viam nessa mudança ótima oportunidade de ampliar seu negócios.
Dom João governava Portugal como príncipe regente, depois de sua mãe, dona Maria I, ter sido afastada do trono por problemas mentais. Ao sair de Lisboa, ele estava acompanhado de toda a corte, que incluía, além da família real e de diversos funcionários graduados, muitos membros da nobreza com seus familiares e criados. Eram, ao todo, de 12 a 15 mil pessoas, embarcadas em catorze navios escoltados por vasos de guerra com bandeira inglesa e carregados de móveis, jóias, pratarias, roupas luxuosas e obras de arte. Em moeda sonante, essa gente transportava metade do dinheiro em circulação no reino português. Para os ingleses, isso significava enorme injeção de recursos no mercado colonial, que logo estará aberto às suas mercadorias e investimentos. Durante a travessia do Atlântico, uma parte da comitiva, na qual se encontrava o príncipe regente, desviou-se da rota inicialmente traçada e acabou chegando a Salvador em janeiro de 1808. Aí, no primeiro centro administrativo da colônia até 1763, dom João satisfez a expectativa da Inglaterra, decretando ainda em janeiro a abertura dos portos às nações amigas.
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